terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A MAÇONARIA INFLUENCIOU JOSEPH SMITH?


Já se tornou uma característica dos críticos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias as alegações de haverem encontrado possíveis ligações entre os rituais da Maçonaria e as cerimônias do templo. Todos têm a intenção de provar ser as ordenanças do templo Mórmon um plágio mal feito da Maçonaria, estes pseudo-iconoclastas têm rebuscado em livros e outros escritos alguma afirmação que validem suas posições.

Por isso frequentemente apontam algumas mudanças feitas nas investiduras, dizem que ao fazê-las, a Igreja tenta eliminar elementos maçônicos constantes nos rituais do templo, não entendem que embora as mudanças tenham acontecido, a essência do templo permanece intacta, embora eles não estejam preocupados com as ordenanças sagradas, faço saber que estas mudanças somente ocorreram para que houvesse maior agilidade no decorrer das cerimônias, bem como facilitar a compreensão da idéia central por parte de membros mais leigos. Na verdade concluo que existe por parte dos anti-mórmons a necessidade de justificar suas afirmativas quando dizem que se os rituais do templo fossem realmente inspirados não haveria necessidade de alterações nos mesmos.
As cerimônias do templo não foram plagiadas da Maçonaria, não foram criadas por homens e nem moldadas conforme nossas necessidades. Agem levianamente aqueles que afirmam serem as cerimônias do templo práticas ocultas e satânicas. Cada vez mais aparecem anti-mórmons que tentam impor suas idéias aparentemente plagiadas do livro “Versos Satânicos” de Salman Rushdie, escritor este que atira pedras em todas as direções mais que só ganhou notoriedade ao ter sua cabeça posta a premio por lideres do islamismo.
Aqueles que combatem o mormonismo o fazem pelo simples prazer de valer seus pensamentos, inclusive afirmando que Joseph Smith e outros líderes mórmons somente ingressaram na maçonaria para acrescenta peso social a seus cargos políticos e eclesiásticos.
Mas eles erram, talvez intencionalmente, ou por equivoco, mais é certo que erram em não mencionar que o ritual maçônico tem também suas origens em fontes antigas, que estão relacionadas com a origem dos rituais praticados hoje nos templos mórmon, e que estes mesmos rituais são cópias de alguns ritos de iniciação utilizados no cristianismo primitivo. Não precisa ser nenhum expect para ratificar minhas afirmações, basta uma pesquisa, embora superficial, que seja imparcial, livre de qualquer sectarismo religioso. Se assim proceder, você poderá notar que o significado dado por Joseph Smith á todos os elementos do templo estão dentro do contexto cristão.
Se eu aceitar, mesmo que de forma remota, a possibilidade de que Joseph Smith tenha lançado mãos de alguns elementos da Maçonaria para desenvolver os rituais do templo com seus significados, ainda assim, Joseph não poderia ser condenado por essa prática, já que fazer isto não seria uma exclusividade sua, uma vez que ele não foi o único a (supostamente) se utilizar desta prática.
Se houvesse real intenção de encontrar a verdade, os teólogos e pesquisadores contrários à doutrina mórmon já teriam notado que em seus escritos os hebreus fizeram à mesma coisa quando adotaram vários símbolos e textos pagãos, dando-lhes um novo significado e colocando-os em um novo contexto. A arquitetura do templo de Salomão, por exemplo, em sua descrição histórica segue um padrão arquitetônico tipicamente fenício contendo várias semelhanças com os edifícios religiosos da Babilônia. Vários símbolos utilizados no Templo de Salomão arremetem os judeus de encontro a algumas práticas e conceitos da religião fenícia. Outro exemplo é o tabernáculo de Moisés que nada mais era além de uma réplica portátil de várias estruturas pagãs, a exemplo da tenda da purificação dos egípcios. No entanto, segundo o livro de Êxodo (na bíblia) em seus capítulos de 25 a 30, credita ao próprio Senhor Deus de Abraão, Isaac e Jacó, as instruções dadas aos israelitas para construir a tenda de adoração.
Não tem como se negar as muitas semelhanças existentes entre a lei mosaica e os vários códigos jurídicos pagãos da época, como, por exemplo, “Código de Hammurabi”. Se fizer uma leitura cuidadosa você caro leitor, poderá notar a forma literária em que foi escrita a Lei de Moisés, parece ser uma cópia dos códigos utilizados pelos pagãos do Oriente Médio na época.
É quase unanimidade entre os estudiosos da Bíblia, dizer que a Lei de Moisés parece ter sido criada em códigos que seguem os padrões pagãos. Será que isto significa que a Lei de Moisés não foi divinamente inspirada? Claro que foi, não duvido disto. Mas se seguirmos o raciocínio dos anti-mórmons que tentam transformar as cerimônias do templo em cerimônias pagãs, infelizmente, teremos que afirmar ser a Bíblia uma fraude. Mas nem todos os pesquisadores se posicionam acima da verdade, existem aqueles que buscam explicações para os dogmas maldosamente impostos ao homem, é a estes que retiro meu chapéu, homens desprovidos das falsas verdades que partem em busca do certo onde ele esteja escondido.
É fácil ver nos registros históricos que os primeiros cristãos se valiam de muitos símbolos pagãos para exemplificar suas crenças àqueles que desconheciam as novas verdades do cristianismo, eles davam novos significados aos velhos símbolos pagãos e os utilizavam livremente em seus novos contextos. Um dos símbolos pagãos mais utilizados pelos cristãos ao ensinar sobre a ressurreição de Cristo era a ave Phoenix, que inquestionavelmente era um símbolo pagão. Norbert Brox e John Bowden afirmam em sua obra “A História da Igreja Primitiva” que a ave Phoenix sempre exerceu uma grande influência sobre a cultura pagã. Esta ave tinha o poder de se recuperar, renascendo de suas próprias cinzas. Não demorou muito para que os cristãos passassem a usar esta ave na representação da ressurreição.
Os primeiros cristãos usavam sem nenhum problema de consciência muitas representações pagãs, penso que esta não seja uma verdade acessível à maioria dos cristãos leigos, mais a Phoenix não foi o único símbolo pagão adotado pelo cristianismo, o Bom Pastor, aquele que saiu para resgatar sua ovelha perdida, também antes de ser adotado por Jesus Cristo, basicamente já era um símbolo pagão cultuado pelos egípcios na personificação do deus Hórus que carinhosamente era chamado pelos seus seguidores de “O Bom Pastor” (The Pagan Origins Of Christian Mythology - Brice C. Smith). Tertuliano instruiu sobre que símbolos seriam adequados para se colocar em um anel que deveria ser usado como um selo pelos cristãos. Clemente recomenda que os cristãos usem selos decorado com representações que, embora não sejam especificamente cristã, podem facilmente receber uma interpretação cristã, como por exemplo: a pomba, o peixe, as ovelhas, a lira ou a âncora, todos adotados pelos cristãos após haverem sido largamente usados nas religiões pagãs. É importante notar que os símbolos propostos por Clemente para uso dos cristãos também poderiam ser usados por pagãos sem nenhum conflito ideológico. Em outras palavras, apesar do sentido cristão adotado pelo usuário, qualquer outra pessoa (de outro seguimento religioso) poderia usá-lo como um ponto neutro da moral ou religião. Da mesma forma que o bom pastor, carregando nos braços um cordeiro era um símbolo pagão que representava a filantropia convencional e amor ao próximo. Os primeiros cristãos lançaram mãos de imagens pagãs, dando a elas novo significado.
A prática do uso de símbolos pagãos pela Igreja primitiva parece ter sido um evento necessário na consolidação do cristianismo, já que os cristãos utilizavam livremente estes símbolos dando a eles novos significados contextualizados com suas verdades. Os primeiros cristãos adotaram os ritos pagãos que podiam ser facilmente usados como símbolos após ser re-interpretados a partir da ótica cristã, particularmente isto em nada me incomoda, já que de alguma forma a nova religião precisava chegar a todos.
Que conclusões podemos tirar de tudo isso? Por sua semelhança com os templos pagãos devemos julgar como profano o templo de Salomão? E o Tabernáculo e a Lei de Moisés? Devemos condenar os primeiros cristãos pelo que fizeram? E os antigos Profetas, será que nunca utilizaram material pagão para ensinar uma verdade cristã? A verdade é que os profetas de Deus, em qualquer momento da história, basearam-se em símbolos e literatura de seu ambiente cultural para então expressar as verdades sagradas.
Aqueles que criticam A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias pelas alterações ocorridas nos sagrados rituais do templo estão sempre baseados em uma compreensão fundamentalista das escrituras e da forma como Deus fala aos seus profetas. Nossos opositores alegam ser inconcebível que os profetas modernos possuam autoridade para alterar uma cerimônia que foi revelada por Deus. Esta visão não é procedente, conforme evidenciado pelo comportamento dos profetas da Bíblia. Aqueles que se dizem chocados com as mudanças nas cerimônias de investiduras, também devem estar chocados com o comportamento de Marcos e Lucas que, deliberadamente, minimizaram o papel de Pilatos na morte de Jesus Cristo, de modo a não ofender seus ouvintes romanos, para mim isto é prova irrefutável de que os primeiros cristãos não se limitaram a uma visão fundamentalista das Escrituras.
Aqueles que criticam A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, pelas mesmas razões deveriam criticar a antiga fé hebraica, já que Ezequiel fez mudanças no culto dos hebreus para que eles vivessem melhor em seu cativeiro na Babilônia. Com estas mudanças, os judeus deixaram de praticar certos rituais estabelecidos pelo Senhor "eterno", que antes os havia instruídos a guardá-los.
É difícil para qualquer cristão imaginar todas as formas que Deus pode usar a fim de conduzir as pessoas a cumprirem suas designações, e foi sem dúvida, de modo providencial que Joseph Smith tenha ouvido falar da Maçonaria quando estava restaurando o ritual original do templo.
Não posso negar que Joseph Smith de alguma forma tenha sido influenciado pela linguagem ritual da maçonaria, já que ele estava familiarizado com este ambiente. A contribuição da Maçonaria para o alicerçamento da Igreja é inegável. Aquele que me ler deve estar ciente da possibilidade, ou melhor, da necessidade que Deus tem de usar a cultura familiar e local para revelar suas verdades. Penso ser a Maçonaria um modelo de organização em que um ritual divino poderia ser facilmente assimilado e compreendido pelos homens. As semelhanças apenas confirmam o princípio bíblico e lógico que os mandamentos de Deus são dados aos homens numa linguagem que possamos assimilar. Heber C. Kimball escreveu a Parley P. Pratt dizendo: "A Maçonaria é uma espécie de sacerdócio" (Heber C. Kimball para Parley P. Pratt, 17 de Junho de1842, Church Archives. Citado por David John Buerger em The Mysteries of Godliness, p. 40).
Joseph Fielding Smith escreveu em seu diário no dia 22 de dezembro 1843: "Muitos se juntaram à fraternidade maçônica. Parece que essa é uma preparação ou um trampolim para algo mais" (Joseph Fielding, Diary (1843-1846), Church Archives, citado em "`They Might Have Known He Was Not a Fallen Prophet' – The Nauvoo Journal of Joseph Fielding", editado por Andrew F. Ehat. BYU Studies 19 -Winter 1979.)
É importante notar que estes homens, que estavam familiarizados com a Maçonaria não consideravam as investiduras um plágio da mesma, pelo contrário, entendiam que ela (a Maçonaria) era o veículo através do qual uma maior plenitude da verdade poderia ser revelada.
Aqueles que têm intima relação com os rituais maçônicos e os do templo Mórmon notarão que alguns aspectos superficiais das práticas do templo podem ser lembrados nos rituais maçônicos, porém estas semelhanças não se tornam em provas de que alguém tenha copiado os rituais da Maçonaria na criação dos rituais do Templo Mórmon, isto só prova que ambos beberam em uma mesma fonte.
As semelhanças entre os rituais praticados pelos primeiros cristãos e a atual forma destes rituais, se tornam em provas convincentes de que Joseph Smith foi realmente o restaurador do ritual original dos templos antigos.
Já nos primeiros momentos do cristianismo, para ser aceito cristão o candidato teria que passar por uma iniciação que incluía convênios confirmados por sinais sagrados, tendo como parte das cerimônias a representação dos acontecimentos ocorridos no jardim do Éden, a expulsão de Satanás da presença de Deus, e a unção de várias partes corpo com óleo.
Não pretendo abordar o caráter sagrado dos templos neste artigo já que os significados destes elementos são de relevante importância espiritual para nós Santos dos Últimos Dias.
Quanto aos nossos críticos que tentam relacionar as investiduras com os ritos maçônicos, faço saber que eles nunca apresentaram provas que sustentem suas afirmações. Grande parte das criticas que fazem A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, como já provei antes, também poderiam ser aplicadas aos cultos dos antigos hebreus e dos primitivos cristãos.
Os anti-Mórmons nunca apresentaram uma explicação plausível para os paralelos que impressionante, embora não sejam localizados em qualquer parte da maçonaria, claramente existem entre as investiduras do templo e os ritos de iniciação cristianismo primitivo. Os ritos de iniciação da Igreja primitiva, descobertos muito tempo depois da morte de Joseph Smith, se tornam em provas da origem divina da investidura.
Eu um Mórmon Maçom reconheço que certamente existem algumas similaridades entre a Maçonaria e as cerimônias do Templo, mas as diferenças também existem e são inúmeras, além de que, a maçonaria está longe de possuir a profundidade e complexidade teológica como também as cerimônias completas do templo. Joseph Smith acreditava que os rituais da Maçonaria eram fragmentos do ritual original do templo. Portanto, considero justo que certos elementos da Maçonaria apareçam nas perfeitas ordenanças do Templo. Sendo assim, nada neste contexto prejudica a beleza ou a inspiração dos rituais do templo.

APENDICE


Tertuliano – Foi um dos mais importantes e originais escritores latinos, nasceu por volta de 155 d.C, em Cartago, filho de pais pagãos. Formou-se em direito exercendo a profissão de advogado em Roma, se converteu ao cristianismo por volta de 193 d.C, e estabeleceu-se em Cartago, pondo a sua erudição ao serviço da fé, dar explicações relacionando o Bom Pastor pagão com o cristão em sua obra Apologeticum.

Clemente de Alexandria (nasceu por volta de 150 d.C, em Atenas, filho de pais pagãos. Não existem registros de quando ou por que se converteu ao cristianismo, após sua conversão fez várias viagens à Itália, Síria, Palestina e Egito, em busca das “verdades ocultas do cristianismo”, após sua ultima viagem ao Egito alegou ter chegado ao fim de sua jornada.).
Fixou residência em Alexandria, por volta de 190, onde criou escola e se consagrou à redação de suas obras. Sua escola era uma iniciativa privada, sem vínculo com a Igreja oficial, onde reunia a intelectualidade pagã e cristã de seu meio. Morreu por volta de 215.

Ave Phoenix - A lenda diz que a primeira Phoenix surgiu de uma centelha que o deus Ra soprou sobre a face da Terra, representando o Fogo Sagrado da Criação.

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